PE: Dois casos mostram a falta de garantia da vida e da integridade das mulheres por parte do Estado
Para além da violência que as mulheres têm sofrido, o próprio Estado tem sido agente direto dessa violência! O caso Paloma não foi só negligência!
A chef de cozinha Paloma Alves Moura, 46 anos, sofria de endometriose e deu entrada no Hospital e Maternidade Tricentenário em Olinda — cidade da Região Metropolitana do Recife, capital de Pernambuco — com fortes dores e sangramento.
As amigas que a acompanhavam relatam que mesmo tendo ensopado de sangue três lençóis e gritar de dores, Paloma passou mais de seis horas sem atendimento. Os argumentos era que os médicos estavam “realizando partos” e que ela precisaria fazer o teste de gravidez. As amigas e a própria Paloma disseram que ela não estava grávida.
Depois de horas de abandono, Paloma sofreu uma parada cardíaca e morreu. Por falta de atendimento, por negligência e pelo obscurantismo que nega a mulher atendimento pelo fato de desconfiar que seria um aborto. Isso mostra que mulheres que tentam interromper a gravidez estão condenadas ao abandono e a morte.
O PSTU se solidariza com a família e as amigas que estão sofrendo essa perda. Exigimos do governo Raquel Lyra que investigue o caso.
Sabemos que o Hospital e Maternidade Tricentenário está sucateado e é responsabilidade do Estado garantir o maior número de profissionais, mas estes devem estar comprometidos em salvar vidas e não podem agir de acordo com sua crença religiosa ou moral.
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Estupro praticado por policial militar
Outro caso revoltante de violência machista ocorreu no último dia 10. Uma mulher foi parada numa blitz em um posto policial e um dos agentes questionou débitos que ela teria com o carro, mesmo ela tendo telefonado para o antigo proprietário e que o problema seria resolvido.
O policial levou a mulher para um quarto e lá tentou forçar sexo, ela resistiu, mas ele a obrigou a fazer sexo oral nele. Ela saiu do lugar assustada, com medo de represálias e ainda continua com medo de retaliação pois trabalha próximo ao lugar.
É absurdo que um agente do Estado armado, em plena função de suas atividades, se aproveite de sua condição para estuprar uma mulher sozinha, desarmada. É muita covardia, é repugnante!
O Estado burguês também se sustenta no machismo
Esses dois casos mostram a brutalidade do Estado contra as mulheres e todo setor oprimido. A garantia de assegurar a saúde e a segurança das mulheres estão submetidas ao julgamento de valores que colocam o corpo da mulher como objeto, tanto no caso de abandono por suspeita de aborto, como no caso do estupro por um agente de segurança do Estado. É isso que está por trás do que aconteceu.
Os casos causam muita indignação na população e a mobilização de organizações feministas e dos trabalhadores, que cobram do governo tomar atitudes. Por isso, é importante manter a mobilização.
Mas nenhum governo vai a fundo em combater o machismo. Por isso, e infelizmente, novos casos aberrantes como esses podem acontecer. É importante manter a mobilização e lutar estrategicamente pelo fim de toda forma de opressão e exploração, o que só pode acontecer com a destruição do capitalismo.