Perguntas e respostas sobre Israel e Palestina

Por que a solução de dois Estados não é viável?
Muitos apoiadores do povo palestino e que repudiam o genocídio também defendem a solução de “dois Estados”: o Estado de Israel e um Estado palestino. Mas, a História demonstrou que essa solução é completamente falsa. Vejamos:
Dois povos?
É uma falsificação histórica a existência de dois povos (árabes e judeus) “com direitos equivalentes” na Palestina. Em 1918, três em cada quatro habitantes da região eram árabes, não judeus. Os judeus tinham apenas 5,5% das terras e não aspiravam a nenhum Estado próprio. A convivência era absolutamente pacífica.
Foi o sionismo, corrente judaica europeia fundada no fim do século 19, que começou a reivindicar o suposto “direito bíblico” dos judeus sobre a Palestina, sem se importar de que ali havia um povo árabe radicado havia séculos. Apoiado pelo imperialismo britânico, o sionismo alentou a imigração de judeus para a Palestina e criou grupos armados. Em 1947, os judeus eram 30% da população, mesmo após várias ondas de imigração, e, neste ano, a ONU, com a teoria dos “dois povos”, recomendou a partilha da Palestina em um Estado judeu, outorgando-lhe 55% da Palestina, com o apoio do imperialismo e a concordância da URSS. Foi um sinal verde para as gangues sionistas executarem seus planos de limpeza étnica. Como consequência, em 1948, o Estado de Israel se criou em 78% da Palestina. Mais de 800 mil palestinos foram expulsos, dando origem ao drama dos refugiados. Os palestinos ficaram reduzidos a Jerusalém Oriental, Gaza e Cisjordânia, territórios que seriam ocupados militarmente por Israel, em 1967. Defender o direito à existência do Estado israelense significa, de fato, aceitar essa história de roubo de território, colonização e limpeza étnica.
Israel é racista?
Israel é um Estado racista e colonial que só estabelece plenos direito civis aos judeus. Os palestinos expulsos não podem mais voltar ao seu território. A legislação racista completa-se com a lei da propriedade das terras agrárias: os não judeus são proibidos de comprar terras, justamente para impedir que os árabes tenham terras em Israel. É uma legislação similar à do apartheid sul-africano. Aceitar a existência do Estado sionista significa, então, aceitar sua essência racista e colonial.
É uma fortaleza armada do imperialismo?
Israel é um enclave do imperialismo norte-americano, em meio a uma região estratégica por suas reservas petroleiras. Israel é a quarta potência militar mundial. Seu poder de fogo (aviões de combate, mísseis, helicópteros, tanques e ogivas nucleares) é enorme. Também é um dos maiores fabricantes de armas e um dos principais exportadores. Esse poderio é financiado pelos EUA, com bilhões de dólares anuais. Esse poder militar está direcionado contra o povo palestino e é uma ameaça constante às lutas dos povos árabes, como mostraram as invasões do Líbano, em 1982 e em 2006, e os ataques com mísseis contra o Iraque, Irã, Síria.
Que Estado palestino?
Os Acordos de Oslo, mediados pelos EUA em 1993, são a comprovação da falência da “solução dos dois estados”. Depois do acordo, Israel continuou a instalação de colônias judaicas nos territórios palestinos, agora contando com uma gerente da ocupação – a Autoridade Palestina –, apropriou-se das melhores terras e fontes de água da Cisjordânia, isolou a “Zona Árabe” de Jerusalém e as populações palestinas da Cisjordânia. Faz incursões militares frequentes. Prende e tortura indiscriminadamente os palestinos. Além disso, construiu um muro dividindo a Cisjordânia no meio. Nessas condições, um Estado palestino independente é totalmente inviável: formado por “ilhas”, sem comunicação entre si, e militarmente ocupadas.
Por uma Palestina livre, laica, democrática e não racista
A única solução é a criação de uma única Palestina laica, democrática e não racista, com o direito de retorno de todos os refugiados e onde todos possam conviver em paz. Essa é a velha bandeira da Organização para a Libertação da Palestina (OLP). Da mesma forma que se deveria destruir o Estado do apartheid para que houvesse paz na África do Sul, não há outro caminho: sem destruir o Estado racista e colonial de Israel não haverá paz. A experiência histórica mostra que, derrotando o sionismo, essa é a única alternativa possível.
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