Por uma verdadeira independência: Enfrentar a ingerência imperialista de Trump
Tarifaço, sanções de Trump contra o Brasil e envio de tropas para a costa venezuelana revelam que os EUA seguem tratando a América Latina como seu quintal
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, quer arrancar ainda mais lucro à custa do suor dos trabalhadores brasileiros para atender aos interesses dos monopólios capitalistas, como as big techs. Também quer aprofundar a ingerência política ao tentar salvar Bolsonaro no julgamento pela tentativa de golpe no Brasil.
Diante do andamento do julgamento, novas medidas dos EUA contra o Brasil podem ocorrer. Ao que tudo indica, Trump seguirá pressionando para tentar mudar o curso do processo e garantir os interesses dos seus monopólios capitalistas. Já passou da hora de o governo Lula tomar alguma ação concreta contra as agressões de Trump.
O Brasil já é um país submisso e dominado pelo imperialismo. Não enfrentar as ações de Trump é aprofundar ainda mais a fragilidade da nossa soberania e independência nacional. É se deixar ser tratado como colônia.
Prisão para os bolsonaristas golpistas e lambe-botas dos EUA!
O julgamento de Bolsonaro sobre a tentativa de golpe começou. Além do seu projeto autoritário e ditatorial, os bolsonaristas são também articuladores da agressão imperialista. Comemoram as ações de Trump contra o Brasil e tentam transformar o Brasil em colônia. São traidores da pátria, defensores dos EUA, que vendem nossa soberania para proteger Bolsonaro.
A submissão do Brasil ao imperialismo
O imperialismo é a fase do capitalismo em que os monopólios predominam sobre a livre concorrência. A concentração e centralização de capitais alcançam níveis gigantescos. Da fusão do capital bancário com o industrial, surge o capital financeiro, ao qual todos os ramos estão submetidos. Os monopólios capitalistas se lançam a dominar o mundo com exportação de capitais, gerando disputa entre as grandes potências e subordinação dos países atrasados e dependentes.
O Brasil é um exemplo. Desde a independência formal de 1822, nunca alcançamos uma independência real. Nossas elites sempre optaram por se associar ao capital imperialista estrangeiro em troca de uma posição subalterna, partilhando os superlucros enquanto massacra a classe trabalhadora. Continuamos dominados por diferentes potências estrangeiras, que roubam nossas riquezas e lucram enquanto aprofundam a desigualdade social.
Se hoje os EUA ainda são o principal agente dominador, a dominação europeia não é desprezível, apesar de menor. Mais recentemente, também o novo imperialismo chinês começou a instalar seus capitais no Brasil, aprofundando a subordinação industrial, tecnológica e econômica do Brasil.
Dados de 2023 mostram que os capitalistas estrangeiros detêm mais de US$ 1,926 trilhão (mais de R$ 10 trilhões) em propriedades no Brasil segundo estudo do Instituto Latino-americano de Estudos Socioeconômicos (Ilaese). São donos das grandes empresas, das terras, da indústria e até de infraestrutura básica, como o parque elétrico brasileiro, privatizado e desnacionalizado por todos os governos.
Dizem que estão investindo no Brasil, mas na realidade colocam esses capitais aqui para buscar superlucros. Por isso, precisam submeter os trabalhadores brasileiros à superexploração, além de rapinar as riquezas naturais. Não é um ganha-ganha, em que ganham os donos do capital e os trabalhadores. Pelo contrário, é um processo que aprofunda as desigualdades baseadas na espoliação dos trabalhadores e do país.
Lula não vai além das palavras
Ao não tomar medidas contra Trump, governo Lula mantém submissão do país

Presidente Lula durante reunião ministerial Foto: Marcelo Camargo Agência Brasil
Os dias vão passando, e o governo brasileiro não toma nem uma medida concreta e efetiva contra os EUA. Lula até autorizou o início da análise sobre o uso da Lei da Reciprocidade. Porém é um processo lento que, segundo o próprio presidente, não tem o objetivo de retaliar de fato, mas sim de pressionar por negociação.
A negociação não seria para defender os interesses do povo brasileiro, a soberania ou a independência nacional, mas para ver qual riqueza nacional o país ainda pode entregar aos EUA. Por isso o ministro Fernando Haddad ofereceu as terras raras. Ou seja, não seria negociação, mas mais submissão.
Não é à toa que, em declaração recente, Lula afirmou: “Não tenho nenhum interesse em brigar com os EUA. Tenho interesse em que essa amizade de 200 anos possa conviver democraticamente mais 200 anos. Se houver negociação, o Lulinha paz e amor está de volta”.
Enquanto Trump ataca o Brasil, Lula busca a conciliação com o imperialismo. O que ele chama de amizade com os EUA é, na verdade, uma história marcada pela submissão aos interesses econômicos dos monopólios capitalistas dos EUA, pela pressão sobre o país exercida pelo FMI nos anos 1990 e pela ingerência política, como o patrocínio ao golpe militar de 1964.
Para enfrentar os EUA, exigimos do governo Lula:
– retaliar as tarifas e quebrar as patentes já;
– suspender a entrega das terras raras e de recursos estratégicos;
– regulamentar e taxar as big techs;
– interromper a remessa de lucros e dividendos das multinacionais estadunidenses instaladas no Brasil;
– suspender o pagamento da dívida pública aos bancos dos EUA.
Mobilização independente dos trabalhadores para lutar contra o imperialismo

Somente com organização própria e mobilização será possível conquistar as medidas concretas que defendem a soberania nacional contra as agressões imperialistas. A mobilização independente dos trabalhadores é fundamental para que suas reivindicações não fiquem subordinadas aos governos ou aos grandes empresários, que não enfrentam de fato o imperialismo.
O Brasil é dos brasileiros ou dos monopólios capitalistas?
O governo Lula diz que o Brasil é dos brasileiros. Mas não diz que os donos do país são, em primeiro lugar, as multinacionais dos EUA, da Europa e da China. Em segundo lugar, está a burguesia brasileira dependente, associada e sócia-menor dos monopólios imperialistas.
O Brasil não é do povo brasileiro. Basta ver a desigualdade social. A burguesia estrangeira e nacional vive no luxo, enquanto os trabalhadores enfrentam empregos precários, jornadas 6×1 extenuantes e salários baixos, com o risco permanente de cair na miséria.
O governo Lula não enfrenta essa realidade. O Plano Nacional Brasil Soberano é um “pacote de bondades” aos ricos, só garante o lucro das grandes empresas prejudicadas pelo tarifaço e não garante a soberania, nem os empregos, nem os salários do povo. Mas, para além disso, toda a política econômica de Lula protege os interesses dos monopólios capitalistas estrangeiros e nacionais.
O arcabouço fiscal é uma exigência do mercado financeiro mundial dominado pelos EUA. Ele foi implementado pelo governo Lula para garantir o superávit primário (arrecadar mais do que gasta) para que o Estado envie dinheiro aos bancos por meio da dívida pública. Esse é um dos elementos do tripé do neoliberalismo imposto por Washington. Os outros dois são câmbio flutuante e meta de inflação, o que explica por que o presidente do Banco Central indicado por Lula mantém os juros exorbitantes enquanto o preço do dólar flutua de acordo com os interesses do mercado. Ou seja, a política econômica de Lula é parte da subserviência do país aos interesses dos países imperialistas. Para lutar contra o imperialismo de verdade é preciso derrotar essa política econômica.
Para a vida do trabalhador melhorar, é preciso derrotar a política econômica do governo Lula
A luta contra o imperialismo deve ser combinada com a luta pela melhoria da vida da classe trabalhadora. Lula fala em taxar super-ricos e reajustar o limite para a isenção do Imposto de Renda (IR) para R$ 5 mil, mas essa correção é irrisória diante da defasagem da tabela. Não apresenta nem uma medida real para sobretaxar os bilionários, muito menos para enfrentar os lucros exorbitantes das 250 maiores empresas do país, que sugam a riqueza nacional e exploram os trabalhadores.
Enquanto isso, segue a pressão dos cortes de verbas por causa do arcabouço fiscal, que garante o superávit fiscal para agradar os banqueiros. As privatizações por meio das Parcerias Público-Privadas (PPPs) batem recorde, assim como segue a entrega do petróleo e dos recursos naturais. Para o salário mínimo do ano que vem, está previsto um aumento de apenas 7,44%, quando qualquer trabalhador sabe que o preço dos alimentos este ano subiu muito mais.
Para o Brasil ser dos trabalhadores, com independência nacional e soberania, é preciso enfrentar o imperialismo e a burguesia brasileira e derrotar a política econômica do governo!
– Proibição das demissões e aumento real dos salários.
– Fim da escala 6×1: redução da jornada sem redução de salários e direitos.
– Fim do arcabouço fiscal, que tira dinheiro da saúde e da educação.
– Fim das privatizações e das PPPs.
– R$ 5 mil é pouco! Aumentar a isenção do imposto de renda para os trabalhadores, com correção da tabela e uma verdadeira sobretaxação dos bilionários.
– Fim do Marco Temporal, defesa e regulamentação das terras indígenas e quilombolas.
– Defesa do meio ambiente e fim do PL da devastação.
Para garantir essas medidas, é preciso tirar do lucro das 250 maiores empresas e enfrentar os monopólios capitalistas que dominam o Brasil.
Por uma verdadeira independência, o Brasil precisa ser socialista
Os grilhões que aprisionam o desenvolvimento do Brasil são a dominação imperialista em associação com a burguesia nacional dependente. Por isso, o país passa por um processo de decadência profundo com desindustrialização e reprimarização da economia. É o papel que nos cabe na divisão mundial do trabalho dirigida pelos capitalistas. O imperialismo não tem interesse em um desenvolvimento industrial do Brasil, tampouco há algum setor capitalista nacional disposto a romper com o imperialismo.
Por isso, se quisermos ser de fato independentes e com soberania, ou seja, para conseguirmos derrotar o imperialismo que nos sufoca, é preciso enfrentar os monopólios capitalistas estrangeiros e nacionais que impedem um verdadeiro desenvolvimento do país de acordo com os interesses dos trabalhadores. Portanto, a verdadeira independência não virá de conciliação com banqueiros e patrões, mas da ruptura com o imperialismo e da construção de um governo socialista dos trabalhadores, sem patrões, que enfrente os bilionários capitalistas e construa o socialismo.