Internacional

Reação do Irã é resposta limitada ao ataque de Israel à embaixada iraniana na Síria

Analistas internacionais classificam ataque como um aviso. Mas, enquanto isso, genocídio em Gaza continua

CSP Conlutas, Central Sindical e Popular

15 de abril de 2024
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Ato em defesa do povo palestino realizado em São Paulo, neste domingo (14/4) | Foto: Maneco Magnésio Guimarães/Divulgação

Treze dias depois de ter sua embaixada em Damasco, na Síria, bombardeada por Israel, o Irã respondeu, no último sábado (13), com um ataque direto no território israelense, com cerca de 300 mísseis e drones.

A retaliação foi prometida há dias e o ataque foi avisado com antecedência, garantindo tempo suficiente para Israel e seus aliados se preparem. Com a ajuda dos EUA e Reino Unido, 99% dos projéteis foram interceptados ainda nos territórios do Iraque e da Jordânia.

A resposta do Irã é mais um capítulo da tensa situação no Oriente Médio, que se agrava a cada dia em razão da guerra genocida que Israel está impondo em Gaza e nos territórios ocupados da Palestina.

O ataque feito por Israel contra a embaixada iraniana, no dia 1° de abril, foi denunciada como uma provocação do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. O ataque sionista matou sete membros da Guarda Revolucionária Iraniana, além de seis cidadãos sírios.

Resposta limitada

Apesar de ser uma expressão da tensão crescente na região, analistas internacionais classificaram a resposta iraniana como “calculada”, que mostra que o Irã se colocou em movimento na região, num ataque direto a Israel. No entanto, o país tem capacidade muito maior do que os 300 mísseis lançados.

O pesquisador e professor do curso de relações internacionais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Bruno Huberman destacou que o ataque do Irã respeitou as normas internacionais. “O Irã faz essa resposta previsível, essa informação já tinha sido vazada na sexta-feira, nos jornais, que isso poderia acontecer. No sábado, estava todo mundo esperando isso acontecer e, quando aconteceu, demorou horas para de fato acontecer o início do ataque e a realização dele. Então, teve toda uma preparação, que foi revelada. E esse ataque do Irã, ele respeita o direito internacional”, disse ele à Agência Brasil.

Reação a Israel precisa ser maior

O integrante do Setorial Internacional da CSP-Conlutas Fábio Bosco classificou a ofensiva feita pelo Irã como importante, mas “limitada”.

Em sua fala no ato em defesa do povo palestino (vídeo abaixo), realizado em São Paulo, neste domingo (14), Bosco também destacou que o ataque foi pequeno diante do potencial bélico do país e avisado com antecedência a tempo de permitir que Israel e seus aliados se preparassem e interceptassem a maioria dos mísseis ainda em território iraquiano e jordaniano.

“Foi uma ação limitada, um aviso, mas importante porque mostra que a reação dos países árabes pode inverter toda a situação que estamos vivendo em Gaza. Mas o Irã anunciou que a operação estava encerrada. E aí nos perguntamos: e a situação em Gaza? Todo dia tem massacre em Gaza. Na semana passada, colonos sionistas, que na prática são nazi-sionistas, fizeram vários ataques às vilas palestinas na Cisjordânia, para matar e destruir casas”, disse Bosco.

Ele ressaltou que os países imperialistas pediram “contenção”. Mas, disse que, neste momento, o que é preciso é toda solidariedade ao povo palestino, e não que aqueles que podem enfrentar Israel se contenham.

“O que a gente espera do regime iraniano é um maior apoio aos palestinos como estão dando os houthis, do Iêmen. Assim como esperamos que o Hezbollah também faça o mesmo. O Hezbollah está promovendo ataques contra Israel, mas apenas na fronteira. Enquanto isso, Israel faz ataques diários em todo o território do Líbano, assim como também faz na Síria, e o regime de Assad não faz nada”, disse Bosco.

“É preciso parar o genocídio em Gaza e por isso devemos seguir nas ruas em todo o mundo para pressionar os governos. Inclusive, no Brasil, o governo Lula precisa avançar e romper todas as relações políticas, econômicas e militares com o estado genocida de Israel”, afirmou.

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