Recife: Todo apoio à greve das metroviárias e dos metroviários! Não à privatização do metrô!
As metroviárias e os metroviários do Recife iniciaram, neste dia 3 de novembro, uma greve pela segurança dos usuários, contra o sucateamento da empresa, pela tarifa zero e contra a privatização da CBTU/MetroRec. Também nos solidarizamos com a diretoria do sindicato diante da prisão que sofreu seu presidente, Luiz Soares, pela PM de Raquel Lyra ao tentar impedir que exercesse seu papel de dirigente sindical e no direito de greve da categoria.
A greve, teve como estopim o incêndio em um dos vagões do trem, no ramal Camaragibe. Só não houve mortes porque o maquinista e a população agiram rapidamente, evitando uma tragédia. Mas a situação de total precarização do metrô coloca em risco a vida dos trabalhadores e dos usuários.
É por isso que nós, do PSTU, chamamos todos os sindicatos, movimentos sociais, partidos e o povo em geral a cercar de solidariedade a greve, participando dos piquetes, atividades e ações em defesa de um metrô público, estatal e de qualidade!
O sucateamento do metrô pelos últimos governos: Dilma, Temer, Bolsonaro e agora o Governo Lula
A política de todos esses governos foi sucatear o metrô, priorizando o transporte privado de ônibus e preparando as condições para a privatização.
O metrô vem sofrendo há anos com a falta de investimentos necessários para garantir que as estações, trens, setores de manutenção e controle operacional funcionem com qualidade e eficiência, como ocorria nas décadas de 1990 e início dos anos 2000.
Os empresários do transporte rodoviário, além das benesses do Estado com renúncias fiscais de ICMS, subsídios tarifários, ainda são beneficiados pelo sistema de integração, no qual o metrô é o mais prejudicado.
Segundo o Tribunal de Contas da União, historicamente mais de 50% dos passageiros transportados pela CBTU em Recife não geram receita para o sistema metroviário. Com o sucateamento, o número de passageiros despencou: de uma média de 107 mil por dia em 2016 para apenas 47 mil em 2023, menos da metade! Essa política tarifária beneficia o transporte privado de ônibus e afasta os usuários do metrô, que hoje se veem expostos a acidentes e a um serviço em colapso.
Durante a Copa do Mundo de 2014, o governo Dilma, em parceria com o ex-governador Eduardo Campos, priorizou o BRT em vez do VLT, um meio de transporte não poluente e com maior capacidade de passageiros.
Bolsonaro, tentou a privatização quando presidente, mas não conseguiu. E chegou a contar com apoio de Paulo Câmara, governador na época que recuou por força do movimento dos metroviários.
Governo Lula e a traição à categoria metroviária
A categoria metroviária, ciente do tamanho do ataque, lutou contra o projeto de venda à iniciativa privada e, nas eleições de 2022, votou majoritariamente em Lula, que prometeu investir na CBTU e retirar o metrô do processo de privatização.
Passados mais de dois anos, o governo Lula não apenas manteve a venda do MetroRec, como também utiliza o BNDES — Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social — para elaborar o modelo de privatização (via concessão) e financiar, com dinheiro público, a empresa privada que vencer a licitação.
A concessão/privatização prevê uma parceria entre os governos Lula e Raquel Lyra. Antes de entregar à iniciativa privada, o Governo Federal transferirá a CBTU ao governo de Pernambuco, e o BNDES injetará R$3,5 bilhões para sua recuperação, deixando nas mãos da empresa privada a administração do Metrô do Recife por 30 anos.
Com a concessão, virão tarifas mais caras ou com fortes subsídios do estado para enriquecer um grupo de empresários que vão lucrar com a exploração dos trabalhadores do serviço, o aumento da exploração sobre os trabalhadores responsáveis pelo serviço como a terceirização e implantação de contratos de trabalho precários.
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Privatização é solução?
Toda essa política de sucateamento, somada à campanha da grande imprensa pela privatização, leva parte da população a acreditar que a única saída é entregar o metrô à iniciativa privada.
No entanto, quem depende diariamente do metrô sente na pele o resultado desse descaso: trens quebrados, aumento no tempo de espera, vagões lotados e quentes e, para piorar, uma tarifa alta de R$4,25.
Depois de sucatear ao extremo o metrô, a saída apresentada pelos governos e pela imprensa burguesa foi a velha fórmula neoliberal do “privatiza que melhora”, por meio do Programa Nacional de Desestatização (PND).
Mas a privatização não garante melhoria no serviço nem redução da tarifa — pelo contrário! Nos lugares onde o sistema metroviário foi privatizado, a situação só piorou:
-Em Belo Horizonte, onde o Metrô era controlado pelo Governo Federal como o de Recife, e foi privatizado, em menos de dois anos a passagem teve três reajustes, em 2023 a tarifa era R$4,50 e agora em 2025 está custando R$5,80, ou seja um reajuste de 28,89% nesses dois anos.
-Em São Paulo, as linhas privatizadas sofrem com atrasos, panes constantes e até incêndios, mostrando que a privatização é um retrocesso em todos os sentidos.
Exigimos do governo Lula:
-A suspensão imediata do processo de privatização da CBTU/MetroRec;
-Investimentos públicos para recuperação do sistema metroviário;
-Investir em linhas, estações, trens e trabalhadores com novo concurso público.
-Gestão estatal, pública e sob controle dos trabalhadores e da população usuária. Com eleição direta para os cargos de direção do metrô pelos trabalhadores do metrô e tirando, assim, os diretores de cargos políticos da empresa, que não tem nenhum compromisso com a população e pelos seus trabalhadores.
-Tarifa zero e transporte público de qualidade para todos!
-Fim da política de beneficiamento ao sistema rodoviários privados de passageiros