Reparação e Justiça: Mais militantes da ex-Convergência Socialista são anistiados
Entre os dias 25 e 27 de junho, ocorreram sessões de julgamento de anistia para os perseguidos políticos pela ditadura cívico-militar no Brasil. Desde março, sempre na última semana, a Comissão de Anistia realiza os julgamentos nos quais muitos companheiros e companheiras têm conquistado sua tão esperada anistia. Trata-se de uma vitória importante, de muita alegria pela reparação obtida e, sobretudo, pelo pedido de desculpas do Estado brasileiro.
Contudo, também é verdade que, perto da quantidade de processos represados, a grande massa de perseguidos ainda está muito longe de ser anistiada. As negativas de anistia representam uma porcentagem muito maior, chegando a 80% de indeferimentos em algumas sessões.
A alegada falta de recursos para a Anistia, que serve para justificar o alto número de indeferimentos, apoia-se nos discursos legalistas orientados pela Advocacia-Geral da União (AGU), que desvaloriza o depoimento e o monitoramento dos órgãos de repressão e privilegia uma “prova cabal”, impossível de se obter ou destruída pelo tempo e pela queima de arquivos da própria ditadura.
Na verdade, a destinação de verbas tem a ver com as prioridades do governo Lula, que descarrega fortunas e concede incentivos fiscais aos banqueiros e ao agronegócio em detrimento de verbas para setores como Saúde e Educação, ainda mais se tratando desse importante tema político e social, de resgate da memória, justiça, verdade e reparação pela perseguição sanguinária do regime militar a milhares de militantes. Este é um tema caro e bastante incômodo para as negociações do governo da frente ampla de Lula-Alckmin com o centrão no Congresso Nacional.
Anistiados da Ex-Convergência Socialista
Um fio de continuidade
A defesa dos anistiandos tem sido realizada pela história individual de luta e resistência de cada um como parte ativa e militante da Liga Operária e da Convergência Socialista.
A Convergência Socialista, uma das organizações que deram origem ao PSTU, foi muito perseguida pela ditadura. Seus militantes foram conhecidos, no final da década de 1970 e início de 1980, como lutadores aguerridos contra o regime militar e por seu trabalho no movimento operário. Tal atuação levou a uma série de prisões e a uma ação montada pelo Estado para destruir a organização na batizada Operação Lótus.
Vários companheiros foram anistiados desde o final dos anos 1990. Em 2012, foi realizada uma Caravana da Anistia específica para os ex-perseguidos e ex-presos políticos da ditadura militar. Muito nos orgulha ter participado desta luta, enfrentando a repressão do aparato de Estado; ter sido demitido e agora conquistar a anistia política.
De março a junho de 2025, foram anistiados 43 militantes da ex-Convergência Socialista.
Acácio Hermann Keufner Júnior; Alberto Fernandes; Ana Luiza Figueiredo Gomes; Benjamin Ribeiro Filho; Célio Izidoro Rosa; Cyro Garcia; Denior José Machado; Edgard Fernandes Neto; Eduardo de Almeida Neto; Elias José Alfredo; Emílio Astuto; Fátima Cristóvão Messias; Fausto Pinheiro Pedroso Neto; Fernando Antonio Soares; Guilherme Fonseca; Heitor Fernandes; Irineia Vieira dos Santos; João Ricardo Oliveira Soares; José Donizeti de Almeida; José João da Silva; José Walber Miranda Costa Cruz; Laércio da Silva Pereira; Laercio Juarez; Ligia Maria; Manoel Teixeira de Carvalho Neto; Marco Antonio Rosa Pugliese; Marcos Margarido; Maria Betânia Firmino Lobato; Maria da Conceição d’Angelo Pinto; Maria Helena Fontana; Maria Julia Vergete Menezes; Marisa dos Santos Mendes; Miriam de Oliveira Lazarim; Nanci Helena Duarte; Nazareno de Deus Godeiro; Nicia Bosco; Nilson José Zoccaratto; Oraldo Soares Paiva; Paulo Cesar Funghi Alberto; e Raymundo Alves Dias.
