RN: Sem reajuste salarial há quase uma década, trabalhadores (as) da saúde de Natal estão em greve há 23 dias
Por Fernanda Soares
Acabou a paciência dos trabalhadores e trabalhadoras da saúde de Natal/RN. A falta de diálogo do prefeito Álvaro Dias (PSDB) somada ao desrespeito e truculência foram o estopim para que a categoria deflagrasse uma greve na capital potiguar. Desde o dia 11 de abril a saúde de Natal encontra-se em greve. O movimento grevista que chegou a registrar na segunda semana a adesão de mais de 60% entra em sua quarta semana com uma greve forte e com o apoio da população natalense.
A categoria está há quase uma década sem nenhum tipo de reajuste ou reposição salarial, ainda enfrenta a sobrecarga de trabalho, assédio moral dos gestores e as péssimas condições de trabalho. Além disso, os trabalhadores reivindicam uma Data-base, a revisão e atualização do PCCV, a implantação das gratificações, adicional noturno, insalubridade, a convocação do cadastro de reservas do último concurso da saúde de Natal que aconteceu em 2018 e o não fechamento de serviços, como vem acontecendo no Hospital Municipal de Natal.
“A nossa greve não é só por salário, é por dignidade e respeito. “O prefeito isenta os empresários de pagar impostos, faz contratos superfaturados com empresas terceirizadas e privatiza cada vez mais a saúde pública. Ou seja, para os empresários, o prefeito dá tudo. Para nós, trabalhadores da saúde, nada. Por isso, não vamos aceitar migalhas”, enfatizou Érica Galvão, técnica de enfermagem e militante do PSTU.
No dia 29 de abril, prazo que o prefeito estipulou para apresentar uma proposta à categoria, os sindicatos que representam o movimento grevista se reuniram com a gestão com expectativa de receberem uma proposta digna e que reconhecesse todo o esforço e dedicação desses trabalhadores que estiveram na linha de frente no combate a pandemia da covid-19. No entanto, o prefeito carimbou a sua política de desrespeito e apresentou uma proposta que não contempla toda a categoria. Em uma forma de desmobilizar e enfraquecer o movimento.
“Enquanto o prefeito aumenta o seu próprio salário e de seus secretários em mais de 60%, oferece um reajuste de 5% para os trabalhadores de nível superior. Mesmo apresentando uma proposta melhor para os níveis elementar e médio, a categoria decidiu manter a greve por entender que essa luta é coletiva. Ao invés de enfraquecer como o prefeito gostaria, a nossa greve só se fortaleceu”, disse Érica Galvão, que está enfrentando perseguição e assédio em seu local de trabalho.
O assédio moral também se tornou marca registrada da gestão de Álvaro Dias (PSDB), que através dos seus gestores, assediam os trabalhadores e trabalhadoras da saúde constantemente. Infelizmente, essa prática abusiva tem se tornado comum por diretores e gestão dos hospitais e unidades de saúde que são colocados em sua maioria por apadrinhamento e indicações da prefeitura para fiscalizar os servidores.
Após a decisão de continuidade da greve em assembleia realizada nesta segunda (02), os trabalhadores da saúde aprovaram também uma moção de apoio à companheira Érica Galvão que está sendo ameaçada de devolução. Nesta quarta-feira (04), a atividade da greve será um protesto unificado contra o assédio moral e solidariedade à companheira.