Nacional

Sobre a adesão do PSOL às candidaturas do PT no Ceará

PSTU Ceará

7 de agosto de 2022
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Lula e Eunício Oliveira Foto Reprodução/redes sociais

Seguindo uma orientação nacional de adesão às candidaturas do PT, o PSOL no Ceará anunciou nesta semana a retirada das candidaturas de Adelita Monteiro ao governo e do indígena Paulo Anacé ao Senado). Após intensa comoção de diversos ativistas, recuou-se em relação a Paulo Anacé, que permanece como candidato. Com isso, o PSOL do Ceará irá apoiar Elmano Freitas (PT) para governador.

Para ambientar o debate no tempo e espaço, podemos dizer que Camilo Santana (PT) governou por dois mandatos o estado do Ceará, renunciando para se candidatar a senador no pleito de 2022 (deixando Izolda Cela, ex-PDT, como governadora). Já Elmano Freitas é, atualmente, deputado estadual. O principal legado do governo petista foi a Reforma da Previdência estadual, que atacou severamente os servidores públicos. Houve primeiramente um aumento na contribuição previdenciária, e, posteriormente, imitando e piorando a reforma de Bolsonaro/Guedes, o aumento no tempo de serviço, na idade mínima e taxação de aposentados. Um brutal ataque à classe trabalhadora.

Mas, se voltarmos um pouco mais no tempo, também podemos lembrar da criminalização e da repressão da greve dos professores de Fortaleza, quando Elmano era secretário de Educação no governo de Luizianne Lins (ambos do PT).

Para piorar, o atual acordo entre PSOL e PT se dá no marco da aliança entre o PT e o MDB de Eunício Oliveira. Por sua vez, Eunício é empresário e político de longa data (inclusive já presidiu o Senado) com perfil de ataques aos direitos dos trabalhadores e do povo pobre, à laia de Renan Calheiros e Michel Temer.

Nesta conjuntura política, também pouco importa, no cenário nacional na chapa de Lula, a presença de Geraldo Alckmin (PSB, ex-PSDB), um dos principais representantes políticos da burguesia brasileira.

Neste sentido, o PSOL se distancia ainda mais de um programa de defesa dos interesses históricos e imediatos da classe trabalhadora. E se aproxima da política de conciliação de classes do PT.

Deste modo, ponderamos que a conformação de uma frente com Eunício (MDB) no Ceará vai pavimentar o caminho para mais derrotas da classe trabalhadora. Pensamos que, para realmente derrotar o bolsonarismo e as ameaças golpistas, é necessário unidade na ação nas ruas e mobilizações com todos os setores que estejam pela defesa das liberdades democráticas.

Tal unidade de ação não significa abdicar de nossa independência de classe, não podemos seguir a reboque de setores da burguesia. A classe trabalhadora precisa entrar em ação imediatamente, com independência de classe. Somente os trabalhadores e trabalhadoras organizados, mobilizados e com autodefesa podem derrotar qualquer tipo de movimentação golpista.

Desta forma, consideramos um absurdo fazer uma frente com Eunício e quaisquer outros setores da burguesia. É realmente lamentável esse caminho que os companheiros pretendem trilhar.

Por tudo isso, chamamos os lutadores e lutadoras do PSOL do Ceará a construir conosco e com Polo Socialista Revolucionário a candidatura do operário Zé Batista. Estamos abertos ao debate fraterno e dispostos a construir uma candidatura classista e independente. Faz-se necessária uma alternativa socialista à altura das reais necessidades dos setores explorados e oprimidos.