Juventude

SP: Em defesa Casa 1! Encontro discute mobilização contra o fechamento de espaço de acolhimento à população LGBTI+

Raphaella Malavasi, do Rebeldia-SP

8 de novembro de 2025
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No dia 7 de agosto deste ano, ocorreu uma mobilização em frente à Prefeitura de São Paulo contra os cortes realizados na área da assistência social. Essa realidade se reflete diretamente no centro de acolhimento LGBT+, conhecido como Casa 1, que vem enfrentando os efeitos desse desmonte.

O fechamento da Casa 1 evidencia a ausência de apoio governamental e o descaso com as políticas públicas que compõem o SUAS (Sistema Único de Assistência Social). A instituição, que por anos exerceu um papel essencial de acolhimento e formação, dependia majoritariamente de doações e financiamentos externos.

A falta de investimento público revela uma escolha política: enquanto as gestões dos bolsonaristas Ricardo Nunes (MDB) e Tarcísio de Freitas (Republicanos) priorizam projetos de revitalização urbana e parcerias privadas, o Estado delega suas funções a empresas, organizações filantrópicas e até instituições internacionais.

Essa lógica de terceirização aprofunda o desmonte das políticas públicas e transfere o cuidado coletivo para o setor privado, que muitas vezes atua guiado por interesses econômicos, e não por um compromisso social efetivo.

A conjuntura internacional também contribui para agravar esse cenário. A ascensão de governos ultraconservadores, como o de Donald Trump nos Estados Unidos, com políticas que retrocedem direitos da comunidade LGBTQIAPN+, impactou diretamente o financiamento destinado a casas de convivência e acolhimento.

No entanto, é importante reconhecer que o Governo Lula (PT) mantém alianças econômicas e diplomáticas com países e governos que sustentam essa mesma lógica conservadora, o que revela contradições profundas. Essas alianças, voltadas à preservação de interesses comerciais e financeiros, reforçam uma dependência econômica que limita a soberania das políticas sociais internas e afeta diretamente o investimento e a visibilidade de espaços fundamentais como a Casa 1.

Essas instituições existem porque vivemos em uma estrutura heteronormativa, onde a cisgeneridade e a binariedade são impostas como únicas formas legítimas de existência e de relação. Quando há uma ruptura desses padrões, pessoas LGBTQIAPN+ passam a sofrer violências múltiplas: familiares, sociais e, sobretudo, institucionais. A existência de espaços como a Casa 1 é fundamental, pois neles há proteção, pertencimento e a possibilidade de reconstrução de trajetórias.

A falta de investimento e de profissionais qualificados não representa apenas o sucateamento das políticas públicas: é também uma forma de violência desse Estado Burguês que, ao se omitir, nega direitos e reproduz desigualdades.

Compreender essa realidade e se mobilizar é fundamental. Essas pautas não estão desvinculadas da luta de classes: as violências de gênero, sexualidade e classe se entrelaçam, e enfrentá-las exige reconhecer que toda opressão está enraizada na manutenção das desigualdades estruturais. Nossa luta é por dignidade, por direitos e contra toda forma de violência e silenciamento desse sistema!

 

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