Todo apoio à resistência do povo ucraniano. Pela derrota de Putin
A resistência heroica do povo ucraniano tem infligido derrotas a Putin. Suas tropas não conseguem mais avançar e, em algumas regiões, como nas periferias de Kiev e Kharkiv, inclusive, recuaram diante da investida ucraniana. Além disso, calcula-se que o exército russo perdeu mais de 10 mil soldados, entre eles sete generais.
Mas Putin segue bombardeando criminosamente o país, inclusive hospitais e maternidades. O número de civis mortos é incalculável. A cidade de Mariupol virou terra arrasada pelos bombardeios russos e embora totalmente cercada, resiste heroicamente.
A Liga Internacional dos Trabalhadores (LIT-QI), juntamente com outras organizações políticas, sindicais e de direitos humanos, tem impulsionado uma campanha internacional de solidariedade com a resistência, os trabalhadores e o povo ucraniano.
“A violência dos soldados da Federação Russa contra os habitantes ucranianos está se tornando generalizada. A resistência ao agressor cresce. Todas as dificuldades e penúrias da guerra caíram sobre os ombros do povo trabalhador. Precisamos muito do apoio internacional dos trabalhadores de todo o mundo. Precisamos de armas, equipamentos de proteção, munições, remédios. Os trabalhadores mineiros e metalúrgicos de Kryvyi Rih, com armas na mão, alcançaremos a paz e a liberdade para nossas famílias”, explica Yuri Petrovich Samoilov, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Mineiros Independente de Kryvyi Rih, que faz um apelo à solidariedade.
É preciso apoiar a resistência do povo ucraniano com todas as nossas forças. Somente essa solidariedade poderá derrotar a invasão de Putin.
Não caia em fake news
Perguntas e respostas sobre a guerra
Enquanto a maioria do povo se comove com o sofrimento dos ucranianos, muitos apoiadores de Putin, inclusive a esquerda neostalinista, procura confundir os ativistas da esquerda e dos movimentos sociais repetindo calúnias feitas pelo governo russo. Vejamos algumas delas.
Qual é o papel da Otan na Guerra?
Putin e seus defensores justificam a invasão à Ucrânia dizendo que o país entraria na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), o que seria uma ameaça militar à Rússia. De fato a Otan é um braço armado do imperialismo norte-americano e serve como um instrumento militar de ameaça contra todos os povos. Mas a Ucrânia sequer tem alguma base militar da Otan, e seu flerte com essa organização esteve congelado por anos.
A Otan foi criada depois da Segunda Guerra Mundial para ameaçar a então União Soviética (URSS), que em resposta criou o Pacto de Varsóvia, envolvendo países do Leste Europeu. O artigo 5 do tratado da Otan declara que um ataque a qualquer de seus signatários seria considerado como um ataque aos outros membros.
Suas criminosas intervenções militares, com o apoio dos seus aliados europeus, destruíram sociedades inteiras no Iraque e no Afeganistão, provocando 38 milhões de refugiados e 900 mil mortos. Naquela época Putin apoiou e colaborou com a Otan.
Mas nos últimos anos a Otan viveu uma crise de identidade e não conseguia justificar sua própria existência. Afinal, qual seria o seu papel depois do fim da União Soviética? Donald Trump, ex-presidente dos EUA, chegou até a cogitar o fim do financiamento do país à organização.
Neste momento, a Otan e os imperialismos norte-americano e europeu dão um show de hipocrisia e tentam posar de defensores da democracia e da liberdade na Ucrânia. Mas com a guerra, Putin deu a desculpa perfeita para justificar a existência da Otan. A Alemanha rompeu com sua histórica politica de não envolvimento em conflitos militares e agora promove uma escalada armamentista triplicando seu orçamento militar. Países que nunca haviam aderido à Otan agora discutem abertamente a questão, como a Finlândia e a Suécia.
Aliados de Putin dizem que a agressão contra a Ucrânia é uma guerra justa contra os ataques da Otan e do imperialismo. Mas quem está sendo bombardeado não é a Rússia (caso tivesse sendo atacada pelo imperialismo, deveríamos, sim, apoiar a Rússia). É Putin que está massacrando o povo ucraniano. E o povo da Ucrânia tem o direito de se defender como pode. Sua resistência precisa ser apoiada. É totalmente criminoso a esquerda neostalinista bater palmas quando Putin bombardeia hospitais, maternidades e residências.
A Ucrânia é nazista como diz Putin?
Essa é mais uma mentira de Putin e dos neostalinistas. Como em quase todos os países da Europa, existe sim uma extrema-direita fascista na Ucrânia. Mas ela é marginal na realidade política do país. Nas últimas eleições presidenciais, em 2019, o candidato de extrema-direita atingiu míseros 1,6% dos votos. Nas eleições legislativas no mesmo ano, a extrema-direita mal chegou aos 2% dos votos, ficando sem nenhum deputado no parlamento.
Em muitos outros países europeus, a extrema-direita tem votações muito superiores, como Vox na Espanha (15% dos votos em 2019), Chega em Portugal (7% em 2022), Partido da Liberdade da Áustria (16% em 2019).
Frequentemente o Batalhão Azov é citado como um exemplo da influência nazista no país. Formado em 2014 com voluntários para combater a agressão russa no Donbass e foi incorporado à Guarda Nacional ucraniana. Dentro dele há vários agrupamentos, sendo o principal o Corpo Nacional, de fato de extrema-direita, que lançou uma candidatura própria recentemente às eleições ucranianas e fracassou completamente, com uma votação absolutamente inexpressiva. Estima-se que esse grupo de extrema direita seja pouco mais de 10% do batalhão.
Por que não se fala do nazifascismo na Rússia?
Se a extrema-direita é marginal na Ucrânia, o mesmo não se pode dizer da Rússia. Estudiosos do tema consideram que a Rússia é o país com mais militantes de extrema-direita e diretamente fascistas em todo o mundo. Se existe o Batalhão Azov na Ucrânia, na Rússia há o Grom, o Rusich (que utiliza como símbolo a kolovrata, a suástica eslava), o Unidade Nacional Russa, o The Hawks, o DPNI, todos atuando com milhares de paramilitares no Donbass desde 2014. Há fotos desses grupos atuando na Ucrânia com a bandeira valknut, um símbolo de supremacistas brancos.
Todo 4 de novembro ocorre nas cidades russas a Marcha Russa, com ativistas de extrema-direita, monarquistas, grupos diretamente fascistas, contra imigrantes, islamofóbicos, misóginos, racistas e LGBTfóbicos. Enquanto as manifestações de oposição na Rússia são violentamente reprimidas, as Marchas Russas ocorrem sob proteção da polícia.
Os grupos de extrema-direita são financiados por grandes bilionários e membros do alto escalão do governo Putin, como Ragozin, hoje chefe da RosCosmos. Segundo o portal jornalístico The Conversation, o Kremlin mantinha relações estreitas com Russkii Obraz, grupo neonazista que participava inclusive de discussões em canais estatais russos de TV. Os apoiadores de Putin enchem a boca para falar do “fascismo ucraniano” e se calam a respeito desses grupos fascistas russos.
Fechamento de partidos supostamente de esquerda prova que Ucrânia é fascista?
Um argumento bastante utilizado pelo neostalinismo é que o governo ucraniano proibiu o Partido Comunista, e agora com a guerra, proibiu vários partidos “de esquerda”. Até Juliano Medeiros, presidente do PSOL, andou condenando o fechamento desses partidos.
Mas na Ucrânia, ao contrário da Rússia, há liberdade de organização partidária. Há mais de 300 partidos políticos registrados no país. Depois da agressão russa de 2014, quatro partidos foram proibidos. Mas não por serem de esquerda. Foram proibidos o Partido Comunista Ucraniano e mais três partidos de direita. Não por sua linha ideológica, mas por apoiarem a ditadura de Yanukovich e sua repressão contra o povo em Maidan, que custou mais de 100 mortos, e por chamarem abertamente a Rússia a invadir com tropas o seu próprio país.
Quando a Rússia anexou a Crimeia e ocupou parte do Donbass, esses partidos da Ucrânia apoiaram e colaboraram com essa agressão contra seu próprio país. Qual país do mundo permitiria partidos que colaborassem e apoiassem o inimigo que o ocupa militarmente?
Agora, durante a guerra, foram proibidas outras organizações ucranianas ditas de “esquerda”. Mas esses partidos foram proibidos não por serem de “esquerda”, mas por serem pró-Putin. Os partidos proibidos não se limitam aos partidos “de esquerda” pró-russos. Também incluem partidos oligárquicos influentes, sucessores do partido de Yanukovich, derrubado em 2014 pelos protestos de Maidan, e o OPZJ, o maior partido pró-russo da Ucrânia. Putin esperava contar com ele para formar um regime de ocupação. Ou seja, não foram proibidos por serem “socialistas”, mas por colaborarem com a invasão de seu próprio país e se prepararem para cumprir o papel de governo fantoche de Putin em caso de vitória da ocupação.
Por que não dá para ter neutralidade na guerra?
A guerra de Putin é uma agressão nacional da segunda potência militar do mundo contra uma nação muito mais fraca, à qual quer submeter pela violência, com métodos de extrema crueldade. A intervenção russa na Ucrânia é a continuidade da guerra e ocupação sanguinária da Chechênia, do apoio direto ao ditador Lukashenko em Belarus e da intervenção militar no Cazaquistão em janeiro deste ano, para sufocar uma revolta popular contra a ditadura pró-russa. A agressão de Putin tem por objetivo o controle militar, econômico e político de um país que é um enorme celeiro, tem uma localização geográfica fundamental para o trânsito energético e comercial, e uma dimensão e recursos que o Kremlin estima como essenciais para seu projeto capitalista da Grande Rússia. Por isso é preciso apoiar e defender a resistência do povo ucraniano e derrota militar de Putin.