Todo apoio ao Breque dos Apps dos dias 1 a 3 de abril
A Juventude Rebeldia manifesta seu apoio à justa luta dos entregadores de aplicativos que, em todo o Brasil, chamam um breque geral para os três primeiros dias de abril.
Dentre as reivindicações e queixas da categoria estão o aumento do pagamento por entrega, o fim das entregas duplas ou triplas com pagamento de uma única entrega, o fim do abuso do Ifood ao deslocar o entregador para o estabelecimento antes mesmo do pedido estar pronto, gerando assim grandes perdas durante o dia, o fim da exploração através das OL (Operador Logístico) e agendamentos, dentre outras reivindicações.
Já viemos denunciando há muito tempo esse fenômeno capitalista da “uberização”, que é a criação de novos empregos sem nenhum direito trabalhista, nenhum vínculo empregatício, férias, décimo terceiro, INSS, FGTS, estabilidade, carga horária justa, salário adequado, segurança de trabalho, seguro, indenização do veículo, etc. Sempre denunciamos que esse fenômeno não tem nada a ver com o avanço da tecnologia, com a “facilitação” de gerar “parcerias”, de criar “pontes”, mas pelo contrário, que o que tem por trás é o avanço da exploração da nossa classe, cada vez mais jogada na dureza, desemprego, informalidade e inflação, de modo que o lucro dos ricos não pare de crescer.
Atualmente, milhões de jovens, pais e mães de família não encontram nenhuma saída no emprego formal, na CLT, e se vêm obrigados a ir para esses trabalhos cada vez mais precários. No Ifood, por exemplo, é muito comum a queixa entre entregadores de Belo Horizonte (MG) de entregas em que os trabalhadores teriam que se deslocar 7 km para receber 7 reais, 10 km para receber 10 reais. Vejamos como é o capitalismo: por um lado, o combustível está R$ 7 o litro, não porque está faltando no mercado, mas porque ele tem que ser precificado para garantir lucro de uma turma que já está bilionária; por outro lado, o emprego que a gente encontra impõe essa taxa miserável de 1 real por km, enquanto o Ifood engorda os cofres dos seus donos. É como disse um entregador, “meu trabalho é levar pizza para sua casa hoje, para ver se levo pão pra minha amanhã”.
Mas a tendência é piorar, se a categoria não se organizar e lutar; isso porque nesse mês o Uber Eats fechou sua operação no Brasil, o que quer dizer o domínio amplo e completo do mercado pelo Ifood. Curiosidade é ver como o capitalismo funciona através desse fechamento da Uber Eats: a multinacional não fecha sua operação no Brasil por estar falindo, ou por não ter condições para operar por aqui, mas porque seus donos não estavam satisfeitos com a previsão de lucro, dada a concorrência do Ifood que julgaram desleal. É assim que o capitalismo funciona: como tudo gira em torno do lucro, não importa se milhões de trabalhadores serão desempregados – se o capitalista acha que não vai lucrar como queria, fecha as portas e fica por isso mesmo – ele se garante milionário, e o trabalhador se agoniza ainda mais.
Tecnologia no capitalismo
Falando sobre “tecnologia”, a narrativa de que empresas como Uber, Ifood e Rappi não “empregam” trabalhadores, e sim “facilitam” “parcerias” através de seus produtos tecnológicos seria realmente interessante e muito favorável se pudéssemos utilizar da tecnologia para integrar trabalhadores de diferentes funções a consumidores; se pudéssemos ter soluções tecnológicas que facilitassem o transporte de mercadorias, a distribuição de alimentos, o transporte de pessoas; que pudessem dar condições de agilizar o trabalho de muitos setores importantes da sociedade, mantendo um trabalho saudável, com carga horária justa, com pleno emprego, com remuneração adequada, garantias e direitos. Mas isso não ocorre porque no capitalismo os empresários, que dizem estar “facilitando” “parcerias”, são movidos dia e noite por lucro, e fazem o que podem para lucrar mais – vão sempre dar um jeito de rebaixar a remuneração dos trabalhadores, os direitos dos trabalhadores, as garantias, para aumentar a exploração.
O problema não é a tecnologia; é o capitalismo, porque em uma outra sociedade que não seja pautada pelo lucro e pela exploração, mas sim pelo pleno emprego, pelo trabalho digno, pela vida dos trabalhadores, consumidores, em que não haja a classe dos donos para arrancar as taxas de lucro da nossa produção, e que, pelo contrário, os próprios trabalhadores estejam conduzindo as empresas e governando a sociedade, teríamos perfeitas condições de utilizar a tecnologia ao nosso favor. Em vez de gerar desemprego, a tecnologia abaixaria a hora trabalhada e garantiria emprego pra todos.
Breque e greve geral, mas união e organização pra lutar depois disso!
É por entender que os capitalistas sempre vão fazer de tudo para explorar cada vez mais a nossa classe que a gente do Rebeldia manifesta nosso apoio total à justa luta dos entregadores de aplicativos, e que chamamos a categoria a uma reflexão: contra a exploração, é preciso união e organização permanente da classe. Lutas combativas e radicais como essa greve nacional são fundamentais, ultranecessárias, para demonstrar força e arrancar direitos dos capitalistas e dos governos; mas é necessário mais, é necessário se organizar, construindo um instrumento de organização e luta da categoria, que esteja ativo permanentemente mobilizando e agitando toda a categoria, realizando ações, campanhas, com independência de classe e democracia operária de base.
É fundamental para que os trabalhadores tenham união e força na luta por direitos, emprego, remuneração, e consigam construir breques e paralisações nacionais ainda mais combativas.
Finalmente, combinado com isso, nós do Rebeldia também achamos fundamental que essas lutas por direitos estejam alinhadas com uma luta ampla contra o capitalismo, que, como podemos ver através de vários exemplos práticos, é a raiz da exploração e miséria que vivemos. A taxa do Ifood a 1 real por km e a gasolina a R$ 7 são sintomas de uma doença terminal que acomete a sociedade, chamada capitalismo. É necessário tratar os sintomas com o remédio da organização e luta combativa da categoria, mas precisamos derrubar o capitalismo para combater a doença terminal, e termos possibilidade de construir uma nova sociedade orientada não ao lucro, mas ao nosso pleno emprego, remuneração, bem-estar, justiça. O remédio para a doença capitalismo se chama socialismo.
Todo apoio ao breque dos Apps e à organização e luta dos entregadores!
Contra a exploração do Ifood e dos Apps!
Não existe taxa grátis! Pela valorização dos entregadores!
100% das taxas para o entregador!
Pelo fim da entrega dupla e tripla pagando apenas uma!
Tempo é dinheiro: só chamar com pedido pronto!
Taxa mínima de R$ 10 e mínima de R$ 2 por km!
Fim do agendamento, pela liberdade em trabalhar!
Contra a terceirização via OL, por direitos trabalhistas!
Pelo fim do capitlaismo que é a origem da exploração!