Tributo aos trabalhadores que tombaram frente às privatizações dos serviços públicos
Flávio Batista de Oliveira, de São Paulo (SP)
Temos enfrentado graves consequências decorrentes das privatizações dos serviços públicos, especialmente, relativas aos serviços dos transportes, águas, educação, dentre outros.
No Brasil, o que temos acompanhado é a passagem da concentração e controle de serviços essenciais do Estado para o capital privado.
Esse controle de serviços ditos essenciais tem um alto preço social e político, que é jogado nas costas dos trabalhadores que produziram, com suas próprias mãos, seja o beneficiamento dessas riquezas naturais, como a água, seja a produção de peças e tecnologias para o conjunto articulado do Metrô e demais redes férreas, com o acúmulo do conhecimento formulado e ensinado nas escolas, universidades, laboratórios, pesquisas tecnológicas e científicas.
Como esses serviços têm valor econômico, os conglomerados representantes do capital têm direcionado toda a sua força e influência para abocanhar os serviços públicos onde ainda não têm controle.
Notem que o resultado desse controle é a sangria de volumosos recursos públicos diretamente para os cofres dessas organizações, cuja finalidade é somente a captura do lucro e não a prestação de serviços de qualidade à população.
O que tem-se visto é o sucateamento dos serviços, com o objetivo de elevação do lucro. A lógica capitalista é simples: reduz-se a despesa, com economia de manutenções preventivas, redução de salários com demissões, planos de demissões voluntárias ou arbitrárias, precarização dos vínculos de trabalho, introdução de ferramentas de assédio e fustigação psicológica, como meio de desestabilização e enrijecimento da estrutura de controle hierárquico.
Em decorrência dessa política de lucros e privatização disfarçada de inovação, tivemos as seguintes ocorrências:
Em 17/02/2025: Professora da rede estadual, Analu Cristina Cerozzi da Silva Vieira, morre dentro da própria Escola Estadual Maria Carolina, em que trabalhava em Diadema (SP).
Em 28/03/2025: Professora, em Ipojuca (PE), sofre mal súbito proveniente de assédio moral e é atendida em hospital.
Em 30/05/2025: Morte da Professora Silvaneide Monteiro Andrade, do Colégio Estadual Jayme Canet, em Curitiba (PR).
Em 05/06/2025: Morte da professora Rosane Maria Bobato, do Colégio Estadual Santa Gemma Galgani, também em Curitiba (PR).
Em 10/03/2022: Morte de operário que realizava a manutenção num transformador de energia na estação Pinheiros do Metrô, operada pela Via Mobilidade.
Em 06/05/2025: Lourivaldo Nepouceno, passageiro de 35 anos, foi triturado pelas portas do Metrô, na estação Campo Limpo, da Linha 5 – Lilás, também operada pela ViaMobilidade.
Em 18/09/2025: A Sabesp mata uma idosa, dona Clélia dos Santos Pimentel, de 79 anos, que assistia TV na sala de sua casa, na cidade de Mauá (SP), em decorrência de tubulação que deslizou e invadiu a parede de sua residência.
Em 13/11/2025: No Metrô de São Paulo, morre um jovem operário de 29 anos que fazia a manutenção na linha, na estação de Presidente Altino, encontro das linhas 8 – Diamante e 9 – Esmeralda, operada pela ViaMobilidade, atual Motiva, do grupo CCR.
Esses inúmeros casos representam uma parcela significativa de uma série ainda maior de casos que poderíamos continuar relatando, para evidenciar que tais casos não são pontuais, mas representam o modelo de funcionamento do sistema de exploração capitalista e a forma de obtenção de seus resultados, onde os trabalhadores, sejam eles de qual profissão forem, são peças descartáveis nessa engrenagem.
Importa dizer que os interesses capitalistas estão representados nas ações efetivadas por diversos governos, incluindo aqueles que se dizem de esquerda.
Assim, temos como exemplo a privatização das escolas públicas promovidas por Tarcísio de Freitas no estado de São Paulo, onde em leilão, o consórcio “Novas Escolas Oeste SP” arrematou o primeiro lote por R$ 3,38 bilhões, em 29 outubro de 2024. Note que o governo pagará, por mês, a bagatela de R$ 11,9 milhões para construir e administrar essas escolas. Desse valor, a estimativa é que R$ 1,6 bilhão venha de financiamento do BNDES.
Já no dia seguinte, ou seja, em 30 de outubro, no caso do Piauí, governado pelo PT, o grupo AEGEA adquiriu os direitos de exploração dos serviços de água e esgoto em 224 municípios, por 35 anos, ao preço de R$ 8,6 bilhões.
Portanto, quando a questão é o desmonte do Estado social e a aplicação de políticas neoliberais, tanto o governo Lula, quanto os governos ditos de extrema direita, estão umbilicalmente afinados.
Por isso mesmo, para o PSTU, esse modelo de exploração está com os dias contados e deve conduzir os trabalhadores à substituição desse sistema fundado no capital por um sistema onde os trabalhadores sejam os condutores de seus destinos e construam uma sociedade com justiça social, perspectiva de futuro e com oportunidades para todos.
Com luta, organização e transformação! Por uma sociedade socialista!