Nacional

Trump, tire as mãos do Brasil! Soberania não se negocia: sem anistia! Bolsonaro na prisão!

Redação

11 de julho de 2025
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A carta enviada pelo presidente da principal potência imperialista, Donald Trump, a Lula no dia 9 de junho representa um evidente ataque à soberania do Brasil. Nela, Trump determina uma taxação extra de 50% sobre todos os produtos brasileiros, além dos 10% que já havia imposto no início da guerra tarifária que o chefe do imperialismo impôs ao mundo inteiro, em abril.

Dessa vez, porém, a primeira justificativa do chefe do imperialismo para a sanção não foi econômica, mas política: a defesa do ex-presidente e seu capacho, Jair Bolsonaro, investigado e processado por tentativa de golpe de Estado. “Esse julgamento não deveria estar ocorrendo. É uma Caça às Bruxas que deve acabar IMEDIATAMENTE!” afirma sem o menor pudor o mandatário estadunidense.

O presidente que vem travando uma verdadeira caça aos imigrantes, passando por cima das leis de seu próprio país para perseguir também LGBTIs, mulheres e população negra, acusa o Brasil de impor uma censura às big techs estadunidenses. Isso mesmo depois de as grandes plataformas de redes sociais agirem livremente por anos no país, espalhando fake news, omitindo crimes e favorecendo de forma descarada a extrema direita.

A nova leva de imposição de tarifas pelos EUA atinge 22 países. No caso do Brasil, chama a atenção o tamanho da sanção e a evidente justificativa política em prol de seu servil aliado de extrema direita.

Ataque à soberania

A imposição de tarifas contra países semicoloniais como o Brasil é, por si só, um ataque à soberania. Justificar a sanção com a defesa de Bolsonaro já é uma escalada sem precedentes em seu mandato contra a autodeterminação do Brasil. Trump quer escolher quem o povo brasileiro elege ou deixa de eleger. Tenta passar por cima da Justiça brasileira e garantir a impunidade ao golpista que sempre o tratou com fidelidade canina, além de proteger as big techs estadunidenses que o apoiam, para que continuem espalhando fake news e desinformação a favor da ultradireita.

Fake news que, aliás, transbordam da carta de Trump. Ao contrário do que afirma, as relações comerciais entre Brasil e EUA não são injustas para o imperialismo. Há 16 anos o Brasil acumula déficit comercial com o país. Mas não só. Os EUA remetem bilhões de lucros e dividendos para fora por intermédio de suas multinacionais que exploram os trabalhadores brasileiros, pagando salários bem inferiores ao que pagam em seu país, e se beneficiando de bilhões em isenções fiscais do Estado brasileiro. Seus fundos de investimento ganham bilhões com títulos da dívida pública e dividendos com ações de empresas como a Petrobras. Mesmo assim, quando dá na telha, suas empresas deixam trabalhadores na rua, como fez recentemente a Ford no Brasil.

Apesar do volume de produtos exportados pelo agronegócio e pela indústria extrativista, caso seja levada a cabo, a taxação atinge em cheio a indústria de transformação. Segundo a Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil), os EUA representam o principal destino de produtos industrializados brasileiros. A imposição da taxa de 50% praticamente inviabiliza qualquer comércio. Trata-se de um embargo não declarado, com a intenção de influir na política interna do Brasil.

(Fonte: Secretaria do Comércio Exterior)

Vira-latas

A subordinação hipócrita da extrema direita brasileira a Trump e ao imperialismo

Bolsonaro presta continência à bandeira norte-americana

Nunca foi segredo para ninguém a extrema hipocrisia da ultradireita e do bolsonarismo. Enquanto vociferam um discurso pretensamente patriota, abaixam a cabeça e abanam o rabo ao imperialismo. A imagem de Bolsonaro prestando continência à bandeira dos EUA é a expressão mais deprimente desse caráter servil.

Causou espanto em alguns, porém, até que ponto conseguiram chegar, armando e motivando um ataque do imperialismo ao próprio país. O deputado licenciado, Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que se “autoexilou” nos EUA, não esconde o quanto se orgulha de ter tramado a sanção de Trump ao Brasil. Ligado ao ex-assessor trumpista Steve Bannon, um dos principais articuladores da extrema direita no mundo, o “03” tem livre trânsito a políticos influentes dos Republicanos.

Para além do círculo mais íntimo da família Bolsonaro, a extrema direita brasileira de conjunto se curva ao imperialismo estadunidense. Horas antes do anúncio do tarifaço, a Comissão de Relações Exteriores da Câmara, comandada pelo líder do PL, Sóstenes Cavalcante, aprovou uma “moção de louvor e regozijo” ao presidente dos EUA. Isso depois de inúmeras ameaças realizadas por Trump contra o país.

O deputado Nikolas Ferreira (PL-DF) foi outro que não hesitou em comemorar a vitória do presidente de extrema direita, postando “Go Trump” em suas redes sociais. Mas o caso mais esdrúxulo foi o de Tarcísio de Freitas, que se exibiu com o boné do Maga (Make América Great Again) e agora está sendo execrado nas redes sociais. O estado de São Paulo é o que mais exporta aos EUA, mais de 33% das exportações brasileiras, superando US$ 13 bilhões.

Brasília (DF) 19/11/2024 Deputado Eduardo Bolsonaro durante entrevista a imprensa. Foto Lula Marques/ Agência Brasil

Burguesia covarde

A sanção de Trump pegou mal para a extrema direita, sendo definida como um “tiro no pé” por um aliado bolsonarista. Os principais setores da burguesia rejeitaram a medida e vêm defendendo a utilização da lei da reciprocidade, inclusive os presidentes da Câmara, Hugo Motta, e do Senado, Davi Alcolumbre, depois de 24 horas de completo silêncio. Essa posição também é compartilhada por Lula, que rejeitou a taxação e defendeu a reciprocidade como única alternativa após uma tentativa de negociação com Trump.

Mas essa primeira reação não tende a ir até o final. Setores como a Frente Parlamentar Agropecuária e a Confederação Nacional da Indústria (CNI), representantes dos setores mais atingidos pelo tarifaço, já correram para implorar uma negociação do governo brasileiro com Trump, reafirmando o caráter entreguista da burguesia brasileira. Para ir até o final, a classe trabalhadora precisa entrar em cena, se mobilizar e liderar o rechaço a este ataque do imperialismo, mostrando que soberania não se negocia.

Soberania não se negocia

É preciso que a classe trabalhadora ganhe as ruas exigindo que Trump tire as mãos do Brasil, pedindo a solidariedade aos trabalhadores e imigrantes dos EUA, que impeçam que seu próprio governo ataque o Brasil ou continue promovendo um genocídio em Gaza junto ao assassino Netanyahu.

Devemos exigir ainda que o governo Lula enfrente de forma coerente o imperialismo dos EUA que ataca o país: imponha o controle de capitais, proibindo a remessa de dólares, lucros, dividendos e juros da dívida pública. Temos que exigir a cobrança de tarifas e um imposto fortemente progressivo sobre as big techs. É preciso estar disposto a nacionalizar as multinacionais dos EUA instaladas no Brasil e colocá-las sob o controle dos trabalhadores.

É preciso, ainda, combater os representantes de Trump no Brasil: a extrema direita entreguista e vira-lata. Isso não se faz entregando ministério para o centrão e a direita nem terceirizando o combate ao bolsonarismo golpista ao STF. Esse é o caminho para a volta da ultradireita, agora com um poderoso aliado no norte que não tem vergonha de intervir em prol de seus interesses.

As organizações dos trabalhadores e populares deveriam chamar a classe às ruas, com disposição a fazer unidade na ação, golpear junto com todos os setores sociais dispostos a enfrentar Trump e a direita, mas marchar separada, organizada de forma independente, porque nenhum setor da burguesia vai defender até o final a soberania do Brasil. Muito pelo contrário.

Independência de todos os imperialismos

O Brasil não deve ser quintal de ninguém

Xi Jinping e Putin durante encontro dos Brics Foto Kremlin

O bolsonarismo culpou o governo Lula e sua atuação no Brics (bloco fundado por Brasil, Rússia, Índia e China) alegando que teria sido uma provocação a Trump, legitimando uma retaliação dos EUA. Essa narrativa não corresponde à realidade. Apesar da decadência dos EUA, ele ainda é o imperialismo mais forte, e a ascensão da China como imperialismo emergente, a reunião do Brics foi inclusive esvaziada, uma vez que China e EUA negociavam.

Por outro lado, setores da esquerda apostam no bloco, especialmente na China, como alternativa à dominação imperialista estadunidense. Contudo, seria trocar a dominação dos EUA pela dominação chinesa, cujos monopólios capitalistas não são mais bonzinhos que os do imperialismo ianque. Não existe imperialismo do bem. Estão todos a serviço de dominar e explorar o país subordinado.

O Brics, por sua vez, avalizou a invasão da Ucrânia pela ditadura capitalista-imperialista de Putin e, hoje, ao lado de Trump, defende uma “paz” com anexações de uma parte do país pela Rússia.

A luta contra os ataques de Trump e a dominação imperialista dos EUA não pode ter como alternativa a dominação por um imperialismo “menos pior”. A classe trabalhadora deve estar à frente pela completa independência e autodeterminação do Brasil.

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