Juventude

UDESC: Segue a batalha por políticas de ações afirmativas. Conselho, aprove as cotas, já!

Ray Maria, de Florianópolis (SC)

2 de outubro de 2025
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Na próxima terça-feira, dia 7, pressionar o Conselho Universitário para a aprovação das cotas, já!

Os estudantes da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) já vêm há algum tempo travando uma intensa batalha para conseguir a aprovação da nova resolução de políticas de ações afirmativas nas câmaras do Conselho Universitário (Consuni), a qual visa ampliar as vagas para pessoas trans, negras, indígenas, quilombolas e com deficiência. O maior obstáculo tem sido os setores reacionários, de extrema direita, tanto de dentro como de fora da universidade. 

Não basta que haja representantes docentes votando contra a resolução e pedindo vistas, também temos deputados e o governador dando nefastos pitacos e criando leis anticotas, baseando seu discurso na lógica do “mérito e esforço”. Claro, podemos considerar isso um argumento, desde que se abstraia toda a estrutura a qual nossa sociedade capitalista se constitui, suas relações sociais e de produção – de exploração e extração de “lucro” vinda de trabalho excedente não pago aos trabalhadores – e como os setores oprimidos e marginalizados se encaixam nessa estrutura opressiva, sofrendo o dobro ou o triplo dessa exploração.

O discurso da meritocracia metafísica, isto é, que parece vir do além e é inerente a todo ser humano, onde todos teriam oportunidades iguais, só funciona se ignorarmos deliberadamente toda a realidade concreta e a luta de classes. A meritocracia que de fato existe – e que eles defendem com unhas e dentes – não é neutra, isenta de ideologia. Ela pertence a uma classe: a classe burguesa.

Ray Maria, militante do PSTU e do Coletivo Revida, na luta por cotas na Udesc

O governador Jorginho Mello (PL) fez um vídeo criticando a reserva de vagas para estudantes formados em instituições do Norte, Nordeste e Centro-Oeste, a qual se fazia presente num edital de pós-graduação do Departamento de Música da UDESC. O Deputado Jessé Lopes (PL) – o mesmo que em 2024 protocolou um projeto de lei para acabar com as cotas raciais e de gênero na universidade – teceu a mesma crítica ao edital, assinalando:

É o catarinense bancando universidade para outros estados! Além de cotas trans, quilombolas e índios, a Udesc quer reservar a maioria das vagas para cotistas. Professores e conselheiros ignoram notas, habilidades técnicas e performance intelectual dos alunos, priorizando lacração e pose de “Justiceiro Social” com dinheiro alheio”.

Realmente, o Sul é o país deles. Seu projeto de lei contra as cotas, ainda em tramitação, no momento da escrita destas linhas, já consta com cerca de 21 assinaturas de deputados e prefeitos.

As políticas de ações afirmativas da Udesc estão desatualizadas há mais de 10 anos, e os burocratas só resolveram pensar em uma nova resolução quando o Ministério Público demandou sua alteração. 

Devido a pressão reacionária, o site oficial da Udesc publicou uma nota em 1 de outubro, retirando a reserva de vagas no programa de pós-graduação para estudantes das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, afirmando que:

Essa prática não corresponde a uma política institucional da Udesc e não deverá constar em futuros processos seletivos da Universidade.

Isto se trata de mais um ataque à permanência estudantil, principalmente aos setores mais oprimidos da classe trabalhadora.

A reitoria, dita por muitos como “progressista”, com a publicação dessa nota, escancara sua conciliação com o governo Jorginho Mello e a extrema direita. Tamanho oportunismo não deve ser ignorado, tampouco tolerado pelos estudantes.

A próxima Câmara do Consuni foi marcada para 7 de outubro (terça-feira), às 14h, onde serão analisados os pedidos de vista da resolução.

Todas e todos à Câmara do Consuni dia 7

Nós, do PSTU, da juventude do Rebeldia e do Coletivo Revida, tornamos a dizer: as políticas de ações afirmativas da Udesc estão desatualizadas há mais de 10 anos. Desde o início de 2025, já se foram várias Câmaras com essa pauta, onde se alegava serem as últimas e definitivas, apenas para adiarem a aprovação da resolução. Basta!

O corpo estudantil precisa reagir e travar um combate ferrenho contra o burocratismo do Consuni e o reacionarismo vindo de professores, da instituição, de deputados mequetrefes e do governo de Santa Catarina. 

Estudantes, unidos na luta, nada temos a temer. Só com mobilização as cotas vão vencer! Nem mais um dia, nem mais uma Câmara! Devemos exigir que 7 de outubro seja o último.

— Conselho, aprove as cotas, já!
— Reitoria, pare de conciliar! Rompa com Jorginho Mello, já!
Jessé Lopes e Jorginho Mello, tirem suas garras de nossas cotas!

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