UDESC: Segue a batalha por políticas de ações afirmativas. Conselho, aprove as cotas, já!

Os estudantes da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) já vêm há algum tempo travando uma intensa batalha para conseguir a aprovação da nova resolução de políticas de ações afirmativas nas câmaras do Conselho Universitário (Consuni), a qual visa ampliar as vagas para pessoas trans, negras, indígenas, quilombolas e com deficiência. O maior obstáculo tem sido os setores reacionários, de extrema direita, tanto de dentro como de fora da universidade.
Não basta que haja representantes docentes votando contra a resolução e pedindo vistas, também temos deputados e o governador dando nefastos pitacos e criando leis anticotas, baseando seu discurso na lógica do “mérito e esforço”. Claro, podemos considerar isso um argumento, desde que se abstraia toda a estrutura a qual nossa sociedade capitalista se constitui, suas relações sociais e de produção – de exploração e extração de “lucro” vinda de trabalho excedente não pago aos trabalhadores – e como os setores oprimidos e marginalizados se encaixam nessa estrutura opressiva, sofrendo o dobro ou o triplo dessa exploração.
O discurso da meritocracia metafísica, isto é, que parece vir do além e é inerente a todo ser humano, onde todos teriam oportunidades iguais, só funciona se ignorarmos deliberadamente toda a realidade concreta e a luta de classes. A meritocracia que de fato existe – e que eles defendem com unhas e dentes – não é neutra, isenta de ideologia. Ela pertence a uma classe: a classe burguesa.

Ray Maria, militante do PSTU e do Coletivo Revida, na luta por cotas na Udesc
O governador Jorginho Mello (PL) fez um vídeo criticando a reserva de vagas para estudantes formados em instituições do Norte, Nordeste e Centro-Oeste, a qual se fazia presente num edital de pós-graduação do Departamento de Música da UDESC. O Deputado Jessé Lopes (PL) – o mesmo que em 2024 protocolou um projeto de lei para acabar com as cotas raciais e de gênero na universidade – teceu a mesma crítica ao edital, assinalando:
É o catarinense bancando universidade para outros estados! Além de cotas trans, quilombolas e índios, a Udesc quer reservar a maioria das vagas para cotistas. Professores e conselheiros ignoram notas, habilidades técnicas e performance intelectual dos alunos, priorizando lacração e pose de “Justiceiro Social” com dinheiro alheio”.
Realmente, o Sul é o país deles. Seu projeto de lei contra as cotas, ainda em tramitação, no momento da escrita destas linhas, já consta com cerca de 21 assinaturas de deputados e prefeitos.
As políticas de ações afirmativas da Udesc estão desatualizadas há mais de 10 anos, e os burocratas só resolveram pensar em uma nova resolução quando o Ministério Público demandou sua alteração.
Devido a pressão reacionária, o site oficial da Udesc publicou uma nota em 1 de outubro, retirando a reserva de vagas no programa de pós-graduação para estudantes das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, afirmando que:
Essa prática não corresponde a uma política institucional da Udesc e não deverá constar em futuros processos seletivos da Universidade.
Isto se trata de mais um ataque à permanência estudantil, principalmente aos setores mais oprimidos da classe trabalhadora.
A reitoria, dita por muitos como “progressista”, com a publicação dessa nota, escancara sua conciliação com o governo Jorginho Mello e a extrema direita. Tamanho oportunismo não deve ser ignorado, tampouco tolerado pelos estudantes.
A próxima Câmara do Consuni foi marcada para 7 de outubro (terça-feira), às 14h, onde serão analisados os pedidos de vista da resolução.
Todas e todos à Câmara do Consuni dia 7
Nós, do PSTU, da juventude do Rebeldia e do Coletivo Revida, tornamos a dizer: as políticas de ações afirmativas da Udesc estão desatualizadas há mais de 10 anos. Desde o início de 2025, já se foram várias Câmaras com essa pauta, onde se alegava serem as últimas e definitivas, apenas para adiarem a aprovação da resolução. Basta!
O corpo estudantil precisa reagir e travar um combate ferrenho contra o burocratismo do Consuni e o reacionarismo vindo de professores, da instituição, de deputados mequetrefes e do governo de Santa Catarina.
Estudantes, unidos na luta, nada temos a temer. Só com mobilização as cotas vão vencer! Nem mais um dia, nem mais uma Câmara! Devemos exigir que 7 de outubro seja o último.
— Conselho, aprove as cotas, já!
— Reitoria, pare de conciliar! Rompa com Jorginho Mello, já!
— Jessé Lopes e Jorginho Mello, tirem suas garras de nossas cotas!
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