Venha para o PSTU: A necessidade do partido socialista revolucionário é urgente
Vera Lúcia, ex-candidata à presidência da República pelo PSTU
A campanha eleitoral deste ano foi desafiadora em pelo menos três sentidos. E todos eles, na nossa opinião, permitem que façamos uma reflexão sobre o porquê é cada vez mais urgente a necessidade de que a classe trabalhadora e a juventude, a começar pelos seus setores mais explorados e oprimidos, construam um instrumento que, de fato, possa ser usado para por fim a um sistema que nos têm condenado à fome, à miséria, à exploração e à opressão: um partido socialista e revolucionário, que possa lutar para que construamos um governo da classe operária.
Dois “pólos” com o mesmo objetivo: assegurar os interesses do capital
Primeiro, enfrentamos uma forte polarização entre duas candidaturas. De um lado, a ultradireita conservadora, encabeçada por Bolsonaro, questionando o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF), enquanto idolatra as Forças Armadas e o agronegócio, estimula todos os tipos de preconceitos machistas, racistas, LGBTIfóbicos, xenofóbicos existentes na sociedade, além de fazer constantes investidas e ameaças autoritárias. Tudo “em nome de Deus, da família e da pátria”.
Mas também tivemos que enfrentar um projeto de conciliação de classes, com Lula, PT, PSOL, PCdoB, numa frente amplíssima, com Geraldo Alckmin (PSB) como vice, que contou com o apoio de bancos, como o Itaú; de grandes empresários, como Benjamim Steinbruch e Luiza Trajano.
Uma campanha toda ela assentada “no amor contra o ódio” e nas lembranças dos governos passados do PT, tendo como a principal promessa de retorno para os trabalhadores a condição de comerem churrasco nos finais de semana e de terem um aumento do salário mínimo acima da inflação.
Contudo, as duas candidaturas, que monopolizaram mais de 90% dos votos no primeiro turno das eleições, cada uma a sua maneira, buscaram a mesmíssima coisa: se mostrarem confiáveis para assegurar os interesses e lucros dos grandes capitalistas, nacionais e internacionais.
A farsa da democracia dos ricos
O segundo desafio foi tentar romper o isolamento e a invisibilidade impostos pela legislação eleitoral, bem como pelos maiores veículos de comunicação. Isso dificultou qualquer diálogo mais profundo sobre a realidade do país, como parte da realidade mundial, no atual momento do capitalismo, e a apresentação de um projeto que solucione os problemas mais sentidos pela classe trabalhadora e os oprimidos.
Mesmo com todos esses limites, fizemos uma campanha ativa nas redes sociais e com diversas atividades presenciais país afora, realizadas com empenho pela militância do PSTU e pelos ativistas do Polo Socialista Revolucionário.
A luta por um programa que questione o capitalismo
O terceiro desafio foi apresentar e explicar, da melhor maneira possível, um programa que, arrancando da realidade vivida pelos milhões de trabalhadores, pelos mais oprimidos, pudesse apresentar soluções completas e duráveis para nossos problemas mais urgentes: fome, desemprego, moradia, segurança, saúde, educação, demarcação e titulação das terras indígenas e quilombolas.
E fazer isto explicando que, para solucionar nossos problemas, há uma condição prévia, que é a organização coletiva em todos lugares e momentos de nossas vidas: nos locais de trabalho, nos bairros e nas escolas. Discutindo, ainda, que isto tem que ser feito sem ilusões no capitalismo e na sua democracia dos ricos. E, na mesma medida, exigindo e explicando a importância da conquista e manutenção das liberdades democráticas.
E mesmo não sendo uma tarefa fácil, colocar a minha candidatura e da Raquel, como todas as demais nos estados, a serviço destes objetivos foi muito gratificante. Na medida em que explicávamos sobre a possibilidade de satisfação de necessidades que são nossas, tão básicas e possíveis de serem plenamente atendidas, ficava mais evidente para mim a impossibilidade de que os capitalistas possam ou queiram fazer qualquer concessão para solucionar sequer uma única necessidade da classe trabalhadora de forma completa e permanente.
E isto por uma única razão: esses grandes empresários não querem e não podem, em função da própria lógica da ordem capitalista, abrir mão de seus lucros e privilégios.
Um partido pra fazer a revolução
Para nós, a campanha também reforçou que este programa está diretamente relacionado com uma visão de sociedade socialista. Somente um partido que tenha a busca pela construção dessa sociedade como centro de sua atividade pode apresentar propostas concretas de confronto com a grande propriedade e com os meios de produção, lutando para colocar estes meios nas mãos dos que trabalham.
Um programa que possibilite que a classe trabalhadora e todos os oprimidos possam lutar para desfrutar das mesmas condições de sobrevivência. Algo que deve começar, inclusive, pela construção da solidariedade entre todos nós, daí, inclusive, nossa insistência, como um princípio, em combater os preconceitos e as ideologias reacionárias e opressivas que nos dividem e enfraquecem nossas lutas.
Mas, é preciso avançar. É preciso construir a unidade para o exercício do controle coletivo, tendo por base a confiança e a lealdade. Pois, os trabalhadores, enquanto classe social, precisam imprimir a derrota política sobre a classe inimiga – a grande burguesia –, com toda a sua ideologia liberal e neoliberal, assim como os reformistas, em todas as suas variantes.
Diante de tantas tragédias, precisamos construir um partido que nutra a esperança, sem ilusões, que alimente os sonhos com os pés fincados na realidade. Um partido que entenda as razões, a beleza e a poesia daqueles que se emocionam com o sorriso alegre de uma criança e que choraram e se indignam com o desespero de uma mãe ou que sentem, como sua, a humilhação de um desempregado ou da falta de um lar…. E este só pode ser um partido socialista e revolucionário.
Com ele, não estaremos sozinhos. É desse tipo de partido que a classe trabalhadora precisa, como instrumento de libertação. E urgente.
No mais, tenho somente a agradecer a todos e todas que nos ouviram e integraram essa campanha. E, por fim, gostaria de lhes fazer um convite: venha construir o PSTU, venha nos ajudar a construir o partido da revolução socialista brasileira, como parte da revolução socialista mundial.