8M: Manifestações contra a violência machista e por direitos marcam protestos no Brasil e no mundo

O 8 de março deste ano foi marcado por uma série de manifestações ao redor do mundo e no Brasil, pelo fim violência machista e por direitos democráticos e contra o avanço da extrema direita e os ataques às conquistas sociais perpetuados por governos burgueses de todos os matizes. Também foram levantadas bandeiras de apoio ao povo e as mulheres palestinas e à resistência ucraniana, entre outras reivindicações.
Contexto Global
No cenário internacional, o 8 de março foi palco de protestos massivos em diversos países. Em Nova York, nos Estados Unidos, a mobilização teve um tom de resistência frente a nova administração Trump, com denúncias dos retrocessos nos direitos das mulheres e setores oprimidos. Além das tradicionais passeatas, em que manifestantes levantaram cartazes contra Elon Musk, houve discursos em pontos icônicos da cidade e projeções de mensagens em edifícios históricos.
Na Europa, onde milhares de mulheres tomaram as ruas em diversos países, denunciando as desigualdades salariais, os feminicídios e os discursos misóginos, entre outras reivindicações, em algumas partes houve repressão. Em Berlim um grupo de manifestantes levando bandeiras palestinas foram duramente reprimidas pela polícia, já na Turquia, houve restrições de deslocamento, sendo que as manifestações foram acompanhadas por amplos efetivos policiais.
Na América Latina, países como Argentina, Chile e México também tiveram grandes mobilizações. No México, os feminicídios atingem números alarmantes, e as mulheres exigiram políticas públicas eficazes para combater a violência de gênero. Também houve repressão em algumas cidades do país.
Na Argentina, onde o governo Milei aplica um forte plano de ajuste e ameaça direitos democráticos de mulheres e LGBTI+, sindicatos e movimentos de mulheres denunciaram as políticas de austeridade que afetam diretamente mulheres e trabalhadoras, os cortes em programas sociais e previdenciários que prejudicam mães solo e trabalhadoras informais e exigiram a manutenção das políticas de equidade de gênero.
O Cenário no Brasil
No Brasil, o 8 de março foi marcado por uma onda de protestos em diversas cidades de norte a sul do país. As manifestações, que ocorreram ainda em clima de carnaval, reuniram milhares de mulheres, exigindo o fim da violência machista e da escala 6×1, em defesa dos direitos reprodutivos e pela legalização do aborto. Faixas, cartazes e estandartes também ressaltaram a questão da carestia e contra o arcabouço fiscal, abaixo a Trump e a extrema-direita no Brasil e no mundo, sem anistia e prisão dos golpistas do 8 de janeiro, a luta contra o racismo e a LGBTQIA+fobia e a solidariedade internacional.
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Explosão da violência machista
Um dos temas centrais das manifestações foi o combate à violência de gênero. O país enfrenta números alarmantes de feminicídios e agressões contra mulheres, especialmente mulheres negras e trans. As manifestantes denunciaram a falta de políticas públicas eficazes para proteger as mulheres e o corte de verbas nessas áreas.
Outro ponto destacado foi a defesa dos direitos reprodutivos e a luta contra a criminalização do aborto. Em um contexto de crescente influência de grupos conservadores e religiosos no Congresso Nacional, as mulheres brasileiras reforçaram a necessidade de garantir a autonomia sobre seus corpos. Inclusive denunciando o governo Lula por negociar esses direitos em troca do apoio do centrão no congresso e a exigência de que o governo cumpra sua promessa e impulsione a legalização do aborto já.
Posição
Oposição de esquerda ao governo Lula e independência política
Mas se o tom das manifestações foi em geral de denúncia e exigências aos governos municipais e estaduais, em especial nas regiões em que a setores de direita e ultradireita governam, nem todos os setores tiveram acordo em estendê-las ao governo federa.
PT, PCdoB, UP e setores majoritários do PSOL, tiveram uma política de eximir o governo Lula-Alkmin, ao buscar a todo momento evitar que o mesmo fosse mencionado nos eixos centrais, manifestos e plataformas de reivindicações unitárias, ou mesmo nas palavras de ordem adotadas, sob o argumento de que isso fortaleceria a extrema-direita e o avanço do fascismo.
Em São Paulo, a posição desses setores foi tão vergonhosa que na reivindicação de “abaixo ao arcabouço fiscal de Lula-Alckmin”, consensuaram em acrescentar “do Congresso e do mercado”, e posteriormente, numa manobra descarada, votaram retirar a menção ao governo Lula-Alckmin e manter o restante, como se a medida fosse uma iniciativa do congresso e do mercado, e o governo não tivesse responsabilidade por sua aprovação.
Nesse sentido, nossa participação nas manifestações, teve como um dos pontos centrais o chamado à independência política do governo e dos patrões e a oposição de esquerda ao governo Lula-Alckmin, como única forma inclusive de barrar o avanço da extrema-direita, já que, para nós é a postura omissa e conivente do governo, que leva ao fortalecimento desse setor na sociedade.
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