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Argentina: Nenhuma trégua! A luta contra o novo governo começa hoje mesmo

Leia declaração do PSTU-Argentina sobre a vitória do candidato de extrema direita, Javier Milei

PSTU Argentina

21 de novembro de 2023
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Javier Milei venceu por uma ampla diferença e será o novo Presidente. Já conhecemos seu programa anti-operário, agora apoiado por Mauricio Macri [ex-presidente argentino, de 2015 a 2019], que declarou que o fracasso de seu governo se deveu ao seu “gradualismo”, por não ter realizado reformas contra o povo de forma rápida

Milei em seu discurso ratificou que avançará imediatamente em seu plano contra a classe trabalhadora; de submissão ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e aos Estados Unidos; de abandono da causa das Malvinas; contra todos os direitos trabalhistas; das minorias; das mulheres. E de defesa da “propriedade privada” capitalista. Seu futuro gabinete expressa exatamente isso.

Devemos nos preparar para um ataque brutal e rápido. O ultraliberal tentará se mostrar confiável diante do imperialismo e dos grandes patrões que duvidam de sua capacidade de governar.

Para isso, é necessário enfrentá-lo desde o primeiro dia nas ruas, nas fábricas, nos locais de trabalho, nas escolas e nos bairros, com a maior unidade operária e popular.

Não pode haver “trégua”, nem um dia de espera. Pagaremos caro por toda demora em organizar a resistência.

A CGT [central sindical argentina], os sindicatos, as organizações sociais devem mostrar desde o primeiro dia sua disposição de não permitir nenhum retrocesso. É seu dever.

Mas não confiamos que o farão. Assim como permitiram os desastres de Macri em seu momento, ou com Menem [ex-presidente argentino, de 1989a 1999] nos anos 90, estarão preocupados em conseguir um “diálogo” com o novo Presidente.

Exigimos que convoquem imediatamente um plano de luta contra todas as medidas anti-operárias e contra qualquer tentativa de repressão por parte deste novo governo que admira a ditadura militar. Que propõe privatizações, redução dos gastos públicos, desmantelamento da Educação, Saúde e Ciências Estatais públicas. Enfim, é seu plano de submissão ao FMI.

Devemos organizar essa resistência desde a base, desde as bases operárias e populares, as únicas com capacidade para enfrentar o que está por vir.

O peronismo mostrou sua impotência.

Sergio Massa foi incapaz de se reerguer. É o resultado do desastroso governo que o peronismo conduziu junto a Alberto e Cristina Fernández. A vitória de Milei só pode ser explicada pela raiva e pelo cansaço da maioria da população com os últimos governos.

É que o peronismo e suas diferentes alas estão todos a serviço dos diferentes setores empresariais, com a cumplicidade dos líderes sindicais que os seguem. Não tem a convicção nem a força para enfrentar a “direita”.

Que essa raiva tenha sido capitalizada por uma variante de extrema direita “antissistema” deve fazer as forças de esquerda refletirem, que não souberam canalizar nem mesmo uma parte dessa raiva.

Nenhum dia de trégua!

Desde o PSTU convocamos a classe trabalhadora e o povo a enfrentar o ataque que se aproxima, sem esperar que as lideranças o façam.

Convocamos aqueles que votaram em Massa sem convicção a se unirem e combaterem a vitória de Milei. E também muitos trabalhadores que votaram em Milei por raiva ao atual governo.

Mais cedo ou mais tarde, Milei irá mostrar a sua submissão ao FMI e às multinacionais, ao poder dos Estados Unidos e aos empresários, assim como suas medidas contrárias aos mais elementares direitos sociais e liberdades democráticas. Os prejudicados seremos nós, os trabalhadores e o povo pobre, não importa em quem tenhamos votado.

Precisamos alcançar a maior unidade para enfrentar este ataque, como o primeiro passo para construir um novo projeto operário e popular, revolucionário, que enfrente e exproprie os grandes capitalistas, exproprie as multinacionais que saqueiam nossos recursos e destroem o meio ambiente. Que pare de pagar a fraudulenta dívida pública interna e externa, e coloque todos esses recursos a serviço das necessidades populares, e acabe com a inflação.

Ou seja, um projeto que promova a verdadeira mudança que precisamos: uma revolução operária e socialista que leve a classe trabalhadora ao poder e inicie o caminho do socialismo.