Negros

Salve Clovis Moura e seu legado!

99 anos de Clovis Moura: Viva sua obra e legado contra o capitalismo, a escravidão e o racismo

Claudio Donizete, da Secretaria de Negros e Negras do PSTU

10 de junho de 2024
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Clovis Moura completaria hoje 99 anos. Nasceu em Amarante, no Piauí em 10 de junho de 1925, onde, desde a sua juventude, demonstrou a paixão pelo jornalismo e, aos 14 anos, já produziu seu primeiro artigo que impressionou seus professores e colegas pelo tema e título: “Libertas quae sera tamem”, onde abordava a Inconfidência Mineira.

Formou-se em Historia e Sociologia, e em seus escritos, sempre se referenciando na teoria de Karl Marx, analisou a luta de classes no sistema escravista e questionou a visão de Gilberto Freyre sobre a passividade do negro na história do Brasil, se tornando um escritor de importantes estudos sobre a escravidão e a resistência dos negros no Brasil como: “Rebeliões da Senzala: quilombos, insurreições e guerrilhas”, “Raízes do protesto negro”, “História do negro brasileiro”, “Dialética radical do Brasil negro”, “Dicionário da Escravidão Negra no Brasil”, entre tantas outras.

O historiador e sociólogo foi reverenciado principalmente pela autoria do clássico “Rebeliões da Senzala: quilombos, insurreições e guerrilhas”. Obra que combateu a ideologia capitalista de que os negros tiveram um papel passivo durante a história do Brasil, especialmente na época escravista do país.

Moura foi muito crítico de Gilberto Freyre e sua obra “Casa Grande E Senzala”, onde combateu a tese do “Mito da Democracia Racial”, apontada por Freyre. Especialmente após a publicação do livro “Rebeliões na Senzala”, em 1959, onde demonstra sua contrariedade à tentativa de impor aos negros e negras escravizados uma passividade na história brasileira, na tentativa de perpetuar a discriminação, o racismo e o extermínio do povo negro. Tema que continua tão atual no combate ao racismo de nosso tempo.

Em outra obra essencial de seu legado, “Sociologia do Negro Brasileiro”, descreveu a seguinte menção à realidade brasileira, e que perdura até os dias de hoje: “O problema do negro tem especificidades, particularidades e um nível de problemática muito mais profundo do que o do trabalhador branco. Mas, por outro lado, está a ele ligado porque não se poderá resolver o problema do negro, a sua discriminação, o preconceito contra ele, sem atentarmos que o racismo não é epifenomênico, mas têm causas econômicas, sociais, históricas ideológicas que alimentam o seu dinamismo atual.

Clovis Moura, ao longo de sua vida, se envolveu com diversos intelectuais da época e teve sua militância política junto ao PCB, que veio a romper posteriormente.

Clóvis Moura faleceu em 2003 com 78 anos, após longo tratamento contra um câncer na garganta, mas seu legado teórico e de militância política seguem vivos e atuais no combate ao capitalismo e ao racismo, que persistem em nossos dias, e em sua superação por uma sociedade socialista.

Clovis Moura, Presente! Ontem, hoje e sempre!

Rumo ao seu centenário e o desenvolvimento de seu legado!

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